sexta-feira, 31 de março de 2017

Discussões de projetos e os alunos

Durante uma aula esta semana, surgiu a discussão dos trabalhos em grupos dos alunos tanto de arquitetura quanto de design de Interiores, qual real função destes trabalhos? Diminuir a quantidade, detalhar mais o trabalho devido ao número de pessoas? Questionamento que não vem a caso quando o objetivo comum do processo é o próprio “processo”. Ao discutirmos com o outro referencias de nossos projetos acabamos por ampliar, ou mesmo evoluir em nossos pensamentos arquitetônicos, estudos, croquis, e muitas vezes não vejo isso acontecer, se os alunos soubessem a importância que é a discussão, com boa fundamentação, os trabalhos poderiam ser muito mais ricos, pois haveria muito mais experiências e impressões reunidas.
Lendo ainda esta semana um artigo de Toyo Ito, discorrendo sobre arquitetura e seus processos, no Archdaily (2017), um ponto importante que ele recomenda aos alunos estudantes de arquitetura é exatamente a discussão entre eles, Toyo (2017) afirma que com a internet, a facilidade de se obter toda informação necessária, acaba por não existirem mais discussões, os alunos não querem discutir entre eles as funcionalidades ou seja qual for a temática do projeto, tornando isso um grande problema.

                                          Toyo Ito: Sendai Mediathique. Fonte Archdaily (2017)

Para a arquitetura deve haver a troca de informações, ou mesmo entender pontos de vistas diferentes que por costumes, ou mesmo culturas diferentes não consigamos enxergar. Esta falha acaba por prosseguir na vida profissional de muito arquitetos, o que sempre acaba levado a fama de egocêntricos e individualista, e a briga por egos surge exatamente esta fase, cada um quer realizar um projeto mais brilhante que o outro, mas o objetivo o qual presume-se a arquitetura não é o “elaborar o espaço para o outro” ou outros? Com essa premissa  vai por agua abaixo a questão das discussões.

Hoje qualquer projeto pode ser elaborado com uma boa fundamentação, temos a internet, sites e mais sites que demostram exemplificam, projetos prontos para utilizarmos nos estudos de caso exatamente tudo, para que então vou escutar ou discutir, faço tudo sozinho, sério? Estão perdendo o melhor da arquitetura, a discussão, a interação, que é o fundamental, afinal, em qualquer arquitetura pessoas estarão ali, e novamente citando Toyo ito, arquitetura deve prover espaços que aguçam os sentidos.

 Desta temática podemos citar também a questão das visitas técnicas, que utilizamos como referências nos projetos, onde também já escutei de alunos, que não precisam ir no local do estudo de caso, já pegaram tudo na internet, todos os maravilhos exemplos, é valido? Como perceber um pé direito duplo de 8 metros, as ventilações, a entrada de luz, ou mesmo o clima, como aguçar nossos sentidos se não estamos lá? Quando conheci o projeto do MAC em Niterói de Niemeyer, havia acompanhado fotos da construção, do desenvolvimento do projeto, maravilhoso, mas nada se compara a sensação de estar lá, visualizar por aqueles imensos panos de vidro a maravilhosa cidade ao fundo e ver o mar bater nas rochas, espetacular, indescritível sensação. Citei apenas um dos milhares locais que não devem ser vistos apenas por fotos e sim senti-los para aguçarmos nossos sentidos.

Projeto: Toyo Ito, Biblioteca da Universidade de Artes de Tama . Fonte Archdaily (2017)

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